Síndrome de Legius
A Síndrome de Legius é uma doença rara, que ocorre em cerca de 1 em cada 46.000 a 75.000 pessoas nascidas vivas.
A Síndrome de Legius pode ser confundida com a Neurofibromatose do Tipo 1 (NF1). Cerca de 2% das pessoas diagnosticadas com NF1 na verdade tem a Síndrome de Legius.
A Síndrome de Legius se caracteriza por apresentar múltiplas manchas café com leite, mas sem neurofibromas e nem outros tumores encontrados na NF1 (gliomas, plexiformes, feocromocitomas). Também não são encontrados na SL os Nódulos de Lisch nem as displasias ósseas.
As pessoas com SL podem apresentar sardas axilares e inguinais (efélides), lipomas, macrocefalia (aumento do perímetro da cabeça em cerca de 40%). Em algumas pessoas com SL são observadas dificuldades de aprendizado, assim como transtorno de atenção e hiperatividade e atraso no desenvolvimento, de um modo geral menos graves do que nas pessoas com NF1.
Além disso, algumas pessoas com SL podem apresentar baixa estatura, deformidades dos ossos do tórax e hiperintensidades na ressonância magnética, o que torna mais difícil a distinção entre a SL e a NF1.
O diagnóstico da SL é difícil de ser realizado apenas com a consulta clínica, por isso, muitas vezes é necessária a análise do DNA. Se uma variante patológica do gene SPRED1 for encontrada, o diagnóstico de SL está confirmado. Para isto, deve-se usar uma análise sequencial do gene SPRED1 (multipainel que inclua o SPRED1 e outros genes de interesse) e se não for encontrada variante patológica (88%), proceder à análise de deleções ou duplicações (10%).
Os tratamentos propostos para as pessoas com SL que apresentam modificações comportamentais e atraso no desenvolvimento envolvem medicamentos, fisioterapia e terapia ocupacional e orientação psicopedagógica.
Sugere-se a reavaliação anual para a identificação de problemas de comportamento e aprendizado.
Aconselhamento genético: Devido ao fato da SL ser transmitida de maneira autossômica dominante com penetrância quase total, cada pessoa com SL tem 50% de chance de transmitir a SL para seus descendentes em cada gestação. Se um dos pais possui o diagnóstico de SL, o teste pré-natal pode ser realizado para saber se o embrião possui a variante patológica do gene.
Ver neste site outras doenças que podem ser confundidas com as Neurofibromatoses.
Critérios para o diagnóstico da Síndrome de Legius
(atualizado em 19/5/2021 – artigo completo em inglês VER AQUI)
Temos o diagnóstico de Síndrome de Legius em duas situações principais:
A – Quando uma pessoa que não tem nenhum dos pais com Síndrome de Legius, se estiverem presentes dois critérios abaixo:
a – Seis ou mais manchas café com leite bilateralmente distribuídas sem qualquer outro critério diagnóstico para NF1 (exceto efélides axilares e inguinais)
b – Variante patogênica no gene SPRED1 com a presença de menos de 50% do alelo com a variante num tecido aparentemente normal (como os leucócitos, por exemplo).
Obervação: a presença de menos de 6 manchas café com leite não exclui a Síndrome de Legius.
B – Quando uma filha ou um filho de alguém que preenche os critérios diagnósticos acima apresentar pelo menos um dos critérios acima.
Forma em mosaicismo da Síndrome de Legius
Embora extremamente rara, existe a possibilidade da forma em mosaicismo da Síndrome de Legius e o seu diagnóstico ocorre em qualquer das situações abaixo:
A – Presença de variante patogênica heterozigótica no gene SPRED1, com a presença de menos de 50% do alelo com a variante, num tecido aparentemente normal (como os leucócitos, por exemplo) MAIS seis ou mais manchas café com leite;
B – Presença de variante patogênica heterozigótica no gene SPRED1 IDÊNTICA em dois tecidos afetados (na ausência de variante patogênica SPRED1 nos tecidos não afetados).;