Há alguns dias publiquei neste blog a pergunta de uma mãe que me pareceu estar com muita pena de sua filha (ver AQUI).
O assunto provocou algumas respostas, entre as quais esta que reproduzo abaixo, depois de ter sido devidamente autorizado pela autora, pois o considero um depoimento importante a ser compartilhado com outras pessoas.
Prezado Dr. LOR;
Quero dizer a importância do seu blog, das informações que coloca e acho suas respostas muito claras e objetivas. É muito importante que pais de portadores de NF se manterem bem informados sobre tudo que possa acometer eles.
Lendo o relado do dia 03 de agosto, da mãe que tem muita pena da filha, revivi minha infância e adolescência como sofri muitas críticas negativas, cobranças, comparações absurdas com minha irmã e outras meninas “normais”.
Para meus pais a timidez, insegurança, e ser mais lenta era um grande defeito. Só aos 17 anos me levaram num dermatologista e descobrimos o nome da doença, mas meus pais optaram para ficar no ocultismo.
Tudo isso deixou marcas que não desaparecem, e me acho às vezes uma pessoa insensível a certas situações familiares.
Mas ainda posso dizer que tive sorte, não tive problemas com aprendizado na escola sempre sobressaí muito bem!
Quando tive meu filho H. não queria fazer com ele o que me fizeram, eu queria ver ele sempre feliz. E comecei a levá-lo em muitos médicos procurando algo para amenizar o problema dele o mais rápido possível.
Um dia quando ele tinha 3 anos o levei num conceituado e bem graduado médico aqui em minha cidade, deparei com algo que me fez muito mal. O médico olhava pra mim pelas costas do Henrique, e dizia fazendo caretas e acenando negativo com a cabeça:
– Coitadinho, coitadinho, coitadinho…
Saí de lá com muita raiva, e até hoje sinto mal quando lembro da cara daquele médico.
Meu filho não era coitadinho, não é, nunca foi e nunca será. E ele é e será muito feliz e realizado.
Quero dizer que gosto do jeito que diz a verdade com clareza e abre os olhos das pessoas com delicadeza, eu tiro muito proveito dos ensinamentos, aconselhamentos, muito obrigada! AA, de uma cidade do interior de Minas Gerais.
Agradeço o depoimento da AA, a quem conheço pessoalmente e admiro pelo enfrentamento carinhoso e lúcido diante da NF1, cuidando de si e de dois filhos que herdaram dela a mutação.