Tema 325 – Gamma Knife para tratamento da NF2?
Cara L, obrigado pela sua pergunta.
Recentemente comentei sobre o uso de Gama Knife, que é um dos nomes da radiocirurgia, no tratamento dos meningiomas nas pessoas com Neurofibromatose do Tipo 2 (ver AQUI).
Hoje, você traz a pergunta sobre o uso da radiocirurgia nos schwannomas vestibulares.
Reproduzo abaixo (adaptado) o comentário do Dr. Gareth Evans sobre esta questão (ver em inglês: AQUI).
O tratamento dos schwannomas vestibulares em pessoas com NF2 permanece sendo cirúrgico, mas os tumores podem crescer lentamente em pessoas com NF2 e não requerem intervenção no curto prazo [Masuda et al 2004, Slattery et al 2004].
Tumores vestibulares pequenos (menores do que 1,5 cm) que possam ser retirados completamente com a preservação da audição (existente no momento da cirurgia) e evitando-se lesões do nervo facial (que poderia produzir paralisia).
Tumores vestibulares maiores são provavelmente melhor conduzidos de forma mais conservadora, ou seja, observação clínica até o momento ideal para a cirurgia, com retirada parcial do tumor ou apenas descompressão. O momento indicado para a cirurgia é quando ocorrem compressão do tronco cerebral, deterioração da audição ou disfunção do nervo facial. No entanto, a decisão de intervir cirurgicamente mais cedo (com a preservação da função do nervo facial) ou operar mais tarde quando o paciente ainda está ouvindo é difícil [Evans et al 2005a].
A radiocirurgia estereotáxica, mais conhecida como “gamma knife”, tem sido oferecida como uma alternativa à cirurgia convencional em casos selecionados em pessoas com schwannoma vestibular. No entanto, as consequências da radiação usada no tratamento em pessoas com NF2 não apresenta resultados tão bons quanto em pessoas sem NF2, que apresentam apenas o schwannoma vestibular esporádico. Ocorre apenas 60% de controle do tumor em pessoas com NF2 [Rowe et al 2003].
A transformação maligna dos tumores tratados com radioterapia é uma sequela que pode ocorrer em pessoas com NF2, embora não seja comum [Baser et al 2000], mas precisamos lembrar que esta consequência pode acontecer até 15 anos depois da radiação [Evans et al 2006]. Esta complicação pode acontecer tanto nos tumores tratados como surgirem novos tumores malignos (glioblastoma, por exemplo) na região afetada pela radioterapia [Balasubramaniam et al 2007].
Assim, seu caso precisa ser avaliado com bastante cuidado por um profissional com experiência no tratamento de tumores em pessoas com NF2.