Prezados associados e leitores,

Membros da Diretoria da AMANF e profissionais do Centro de Referência em Neurofibromatoses do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais estarão participando do Congresso Mundial em Neurofibromatoses em Paris.

As atividades nesta página, assim como as respostas aos e-mails e os atendimentos médicos no ambulatório do Hospital das Clínicas retornarão ao normal a partir de 20 de novembro de 2018.

Esperamos voltar do congresso com novos conhecimentos e boas notícias para todos.

Dr. Lor

Presidente 2017-2019

 

 

 

Profissionais do Centro de Referência em Neurofibromatoses do Hospital das Clínicas participaram do primeiro Congresso Mundial em Neurofibromatoses, realizado em Paris, de 2 a 6 de novembro de 2018.

Os seguintes temas foram apresentados:

  • Novo modelo para a compreensão da redução da força muscular nas pessoas com NF1 – palestra da Dra. Juliana Ferreira de Souza.
  • O que as pessoas procuram na internet sobre NF? – Análise de mais de 250 mil acessos na página da AMANF.
  • Correlações entre o metabolismo de repouso, a força muscular e a composição corporal em pessoas com NF1.
  • Novas correlações entre o sinal do segundo dedo dos pés e a deleção completa do gene NF1.
  • Apresentação de várias pessoas com NF1 e displasia da tíbia com sinal do segundo dedo no membro afetado.
  • Poderia o treinamento musical melhorar as dificuldades cognitivas e sociais de adolescentes com NF1?
  • Apresentação de uma nova técnica cirúrgica para descompressão de neurofibromas cervicais em pessoas com NF1.
  • O gene NF1 nos primeiros seres humanos – análise de um fóssil Cro-Magnon com sinais de NF1.

Abaixo apresentamos os resumos.

Uma nova abordagem cirúrgica para múltiplos neurofibromas espinhais cervicais compressivos – Centro de Referência Ambulatorial de Neurofibromatose do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, rodrigues.loc@gmail.com   

Introdução: A neurofibromatose tipo 1 (NF1) é uma doença genética autossômica dominante com penetrância total e alguns indivíduos afetados apresentam neurofibromas nas raízes espinhais cervicais (NRE) com fraqueza progressiva dos membros e dor neuropática devido à mielopatia compressiva. O tratamento neurocirúrgico tradicional tem sido apenas uma excisão do tumor por dura-máter aberta, o que aumenta o risco de fístulas e requer novas cirurgias. Objetivo: Relatar dois casos de pacientes com NF1 com dor neuropática e tetraparesia causada por mielopatia secundária a NRE de múltiplos níveis. Eles foram tratados com uma nova abordagem com múltiplas excisões de CSN em apenas uma única cirurgia, sem abrir a dura-máter e evitando a invasão subaracnoide. Métodos: Dois adolescentes NF1 (ELL, 18 anos, sexo feminino e PIB, masculino, 15 anos) com incapacidade de deambulação (MF2/2) foram tratados com incisão posterior cervical mediana com laminectomia total (C1-C5), facetectomia subtotal bilateral realizada com broca de alta velocidade (C3-C6) sem visualização da artéria vertebral para expor todos os pontos das lesões. Por meio de microscopia, foram feitas incisões abertas cruzadas no centro posterior dos neurofibromas, com dissecção acentuada e separação fina do tumor da dura-máter e evitando danos aracnoides. Não usamos pinças tumorais tradicionais ou bisturi e as excisões foram feitas com aparelho de aspiração ultrassônica para quebrar tumores e evitar tração. A preservação da raiz motora anterior foi o objetivo principal, alcançado com múltiplos estímulos neurofisiológicos que orientaram o limite de excisão. O tempo médio de cirurgia foi de 4 horas para fazer 5 (ELL) e 7 (PIB) ressecções tumorais (totais ou parciais). Resultados: Ambos os pacientes alcançaram supressão total da dor, recuperando a locomoção e uma qualidade de vida quase normal. Não apresentavam fístulas, pseudomeningoceles ou infecção. Os exames de imagem de controle mostraram ausência de mielopatia compressiva. As principais desvantagens dessa nova abordagem cirúrgica foram maior tempo cirúrgico com maiores perdas sanguíneas, terapia de tratamento intensivo duradoura para recuperação e colar cervical ortopédico transitório até a artrodese para prevenir pseudoartrose. Outros casos poderiam ser submetidos a um pequeno número de excisão de neurofibromas espinhais para reduzir esses efeitos colaterais indesejáveis.  Conclusão: A presente nova técnica cirúrgica de abordagem exclusiva extra-aracnoide parece inovar o tratamento cirúrgico da mielopatia do neurofibroma compressivo e merece mais estudos. 

Palavras-chave: neurofibromatose, neurofibromas espinhais, cirurgia da coluna, tumores compressivos da coluna vertebral Conflito de interesse: nenhum. Financiamento da Universidade Federal de Minas Gerais e CNPq  

Original em inglês

A new surgical approach to multiple compressive cervical spinal neurofibromas

Morato EG, Rezende NA, Rodrigues LOC. Neurofibromatosis Outpatient Reference Center of Clinics Hospital of the Federal University of Minas Gerais, Brazil, rodrigues.loc@gmail.com

Background: Neurofibromatosis type 1 (NF1) is a genetic autosomal dominant disease with full penetrance and some affected individuals present cervical spinal neurofibromas (CSN) with progressive limb weakness and neuropathic pain due to compressive myelopathy. Traditional neurosurgical treatment has been just one tumor excision via opened dura mater, which increases fistulae risk and requires further surgeries. Purpose: To report two cases of NF1 patients with neuropathic pain and tetra paresis caused by myelopathy secondary to multiple level CSN. They were treated using a new approach with multiple CSN excisions in just one-time surgery, without opening dura mater and avoiding subarachnoid invasion. Methods: Two NF1 teenagers (ELL, 18 y, female and PIB, male, 15 y) with inability to walk (MF2/2) were treated with median cervical large posterior incision with total laminectomy (C1-C5), bilateral subtotal facetectomy performed with high speed drill (C3-C6) without vertebral artery visualization to exposed all lesions spots. Using microscopy, cross open incisions were made in the posterior center of neurofibromas, with sharp dissection and fine separation of the tumor from the dura and avoiding arachnoid damage. We did not use traditional tumor forceps or scalpel and the excisions were done using ultrasound aspiration device to break tumors and avoid traction. The preservation of the anterior motor root was the main objective, achieved with multiple neurophysiological stimuli that guided the limit of excision. The mean surgery time was 4 hours to do 5 (ELL) and 7 (PIB) tumor resections (total or partial). Results: Both patients achieved total pain suppression, recovering locomotion and a near normal quality of life. They did not present fistulae, pseudo meningoceles or infection. The control imaging studies showed absence of compressive myelopathy. The main handicaps of this new surgical approach were longer surgical time with higher blood losses, lasting intensive treatment therapy for recovery and transient orthopedic cervical collar until arthrodesis to prevent pseudo arthrosis. Further cases could be submitted to a small number of spinal neurofibromas excision to reduce these undesirable side effects.  Conclusion: The present new surgical technique of exclusive extra-arachnoid approach seems to innovate the surgical treatment of compressive neurofibroma myelopathy and deserve further studies.

 

Figure 1 – Diagram of the classical and the new surgical approach to treat cervical compressive neurofibromas myelopathy. Left: opening dura mater and one tumor excision per surgery; Right: multiple neurofibroma excisions preserving dura mater and arachnoid.   

Key words: neurofibromatosis, spinal neurofibromas, spine surgery, compressive spinal tumors

Conflict of interest: none.

Funding by Federal University of Minas Gerais and CNPq

 

 

Será realizada mais uma reunião ordinária da AMANF no próximo sábado, 27 de outubro, de 16 às 18 horas na Faculdade de Medicina, na sala 16. Estão todas e todos convidados.

Como pauta inicial teremos:

  • Festa Anual a ser realizada no último sábado de novembro.
  • Informações sobre nossa participação no primeiro Congresso Mundial em Neurofibromatoses em Paris (ver abaixo o resumo).
  • Questão dos Kits de divulgação da AMANF.
  • Discussão sobre a criação do Cartão de Associado da AMANF.
  • Palavra livre, para conversamos sobre assuntos de interesse dos associados.

Lanche de confraternização.

Esperamos todos lá.

Dr. LOR

(Presidente 2017-2019)

 

Profissionais do Centro de Referência em Neurofibromatoses do Hospital das Clínicas participarão do primeiro Congresso Mundial em Neurofibromatoses que será realizado em Paris, de 2 a 6 de novembro de 2018.

Os seguintes temas desenvolvidos em nosso Centro de Referência serão apresentados.

  • Novo modelo para a compreensão da redução da força muscular nas pessoas com NF1 – palestra da Dra. Juliana Ferreira de Souza.
  • O que as pessoas procuram na internet sobre NF? – Análise de mais de 250 mil acessos na página da AMANF.
  • Correlações entre o metabolismo de repouso, a força muscular e a composição corporal em pessoas com NF1.
  • Novas correlações entre o sinal do segundo dedo dos pés e a deleção completa do gene NF1.
  • Apresentação de várias pessoas com NF1 e displasia da tíbia com sinal do segundo dedo no membro afetado.
  • Poderia o treinamento musical melhorar as dificuldades cognitivas e sociais de adolescentes com NF1?
  • Apresentação de uma nova técnica cirúrgica para descompressão de neurofibromas cervicais em pessoas com NF1.
  • O gene NF1 nos primeiros seres humanos – análise de um fóssil Cro-Magnon com sinais de NF1.

No retorno do congresso, apresentaremos neste site cada um destes temas e suas discussões e repercussões no Congresso em Paris.

Caros associados da AMANF e leitores,

Estamos no segundo turno das eleições e agora, mais do que nunca precisamos saber qual o candidato que representa as melhores propostas para o nosso país, tendo em vista a Saúde Pública, porque ela é fundamental para o atendimento amplo às pessoas com Neurofibromatoses.

Precisamos escolher o candidato que defenda o Sistema Único de Saúde (SUS) como um dos mais avançados sistemas de saúde pública do mundo e que prometa aumentar os recursos públicos para o SUS (e não prometa cortar ou privatizar a saúde pública).

Precisamos escolher o candidato que defenda os direitos humanos para todos, como é o caso das pessoas com doenças raras, pois nós da Neurofibromatoses estamos juntos com as mulheres, com os negros, com as populações indígenas, com as pessoas de diferentes opções sexuais, com as diferentes orientações religiosas e todas as minorias entre os brasileiros.

Precisamos escolher o candidato que defenda o meio ambiente, pois sem um ambiente saudável não haverá saúde e qualidade de vida.

Precisamos escolher o candidato que defenda a democracia, pois sem democracia não há possibilidade de corrigirmos os erros passados. Tentativas de soluções autoritárias apenas agravam os problemas, como aconteceu nas ditaduras do passado.

Precisamos escolher o candidato que tenha experiência em administração pública e que não tenha sido condenado por corrupção, pois a falta de experiência e a corrupção prejudicam nosso desenvolvimento, embora não sejam a causa da crise econômica.

Quem desejar conhecer melhor os programas de governos de todos os candidatos à presidência da República, sugerimos consultar este site que é confiável: https://mail.google.com/mail/u/0/?pli=1#inbox/FMfcgxvzKtNbdpLTXVDzpPJBfvrczQKj

A democracia é alegre, sem ódio, sem radicalismos e sem medo de sonharmos com um país cada vez melhor para todos.

Dr Lor

Presidente 2017- 2019

Ata da reunião da AMANF em 29 de setembro de 2018

Foi realizada mais uma reunião ordinária da AMANF no último sábado, de 16 às 18 horas na Faculdade de Medicina, na sala 16, estando presentes as pessoas mencionadas abaixo.

Iniciamos com e apresentação dos participantes e, em seguida, foram feitos os relatos das atividades do mês.

Entre as atividades, ocorreu a palestra realizada pelo Dr. Lor no Colégio Eurico Gaspar Dutra, no Horto, em Belo Horizonte, na qual a cartilha “As manchinhas da Mariana” foi apresentada a cerca de 100 estudantes adolescentes e 6 professores na forma de slides e depois cerca de 20 perguntas foram respondidas. Foi uma experiência muito bonita e emocionante direcionada pela escola para o melhor acolhimento social de uma das alunas que é portadora de NF1.

Em seguida, foram discutidos os seguintes assuntos:

  • Festa Anual a ser realizada no último sábado de novembro, para a qual sugerimos a coordenação pela Maria Danúzia com a colaboração da equipe de festas (Leonardo Soares e da Rosângela Santos). A sala 16 já está reservada pelo Dr. Nilton.
  • Assinatura final do processo de regularização jurídica da AMANF (documentos reunidos para o Juiz da Comarca de Belo Horizonte).
  • Decisão da associada Giorgete Viana Silva de levar adiante – uma nova carta da AMANF – para os esclarecimentos por parte da diretoria do SUS do erro de atendimento médico sofrido por ela.
  • Aprovação de produção de Kits da AMANF, com a indicação de Tânia Corgosinho Maria Helena para a organização desta atividade.
  • Decisão de postarmos na página da AMANF uma orientação para os associados votarem de acordo com suas consciências, lembrando que a defesa do SUS e da democracia deve ser um compromisso importante para quem defende o bom atendimento às pessoas com NF. Ver AQUI
  • Resolvemos discutir a criação de Cartão de Associado da AMANF, o qual poderia dar direito às votações nas assembleias, ao atendimento gratuito com Dr. LOR no consultório particular, convênios com drogarias, laboratório e outras entidades comerciais, mediante uma taxa anual ou mensal a ser decidida em 2019. Além disso, o Cartão da AMANF poderia conter para quem desejasse uma informação sobre necessidades especiais de acordo com a Lei Estadual.
  • Palavra livre, quando conversamos sobre assuntos de interesse dos associados, incluindo explicações sobre porque indicamos o uso de cetotifeno para diversas pessoas com NF1.

Nada mais havendo a conversar, encerramos a reunião e assinamos a lista de presença.

Nilton Alves de Rezende

Rosângela da Silva Santos

Edson Wonder Ines

Leonardo Soares Vasconcelos

Maria Helena Rodrigues Vieira

Marcos Vinicius Soares Vieira

Tânia Marília Silva Corgosinho

Márcia C. Monteiro Campos

Juliana Ronachu Almeida

Edenilson Ribeiro de Souza

Marcos Paulo Soares Campos

Giorgete Viana Silva

Dilma Viana da Silva

Luiz Oswaldo Carneiro Rodrigues

 

 

Convidamos a endocrinologista Dra. Sara Castro Oliveira para nos explicar como acontece o crescimento nas crianças e adolescentes com neurofibromatose do tipo 1. Dra. Sara está iniciando o seu mestrado em nosso Centro de Referência em Neurofibromatoses do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Vejamos o que ela disse. Sua pesquisa será estudar o crescimento ou redução dos neurofibromas cutâneos com o uso de alguns medicamentos.

O crescimento corporal é um processo complexo e influenciado por diversos fatores que interagem não apenas para determinar a estatura final alcançada (que chamamos geralmente de altura), mas também o ritmo e o momento do crescimento. Muitas pesquisas tentam desvendar as complexidades hormonais e genéticas que explicam o crescimento normal e aqueles fora dos padrões.

Crianças com NF1 frequentemente apresentam alterações do crescimento e é importante ressaltar que nem sempre é possível identificar a causa deste crescimento inadequado na NF1.

Em certos casos algumas causas parecem estar envolvidas com o menor crescimento na NF1: deficiência de hormônio do crescimento (GH), tumores cerebrais, cirurgia ou radioterapia para tais tumores, escoliose, outros problemas esqueléticos que podem interferir com o desenvolvimento normal dos ossos e uso de algumas medicações como metilfenidato para déficit de atenção.

Por exemplo, um estudo com 89 pacientes com NF1 mostrou que 25% dos pacientes tinha estatura abaixo do esperado apesar de todos os exames serem normais. Esse fato sugere que existe um retardo do crescimento que está associado a doença em si, e para o qual até o momento não existe explicação.

Cerca 15% das crianças com NF1 apresentam tumores chamados de gliomas, que envolvem as vias ópticas e podem acometer a uma região do cérebro chamada hipotálamo. Esses tumores não são específicos da NF1, mas nas pessoas com NF1 apresentam um comportamento benigno e não progressivo. Na maioria das vezes, são assintomáticos e não requerem intervenção.

Em algumas pessoas com NF1, os gliomas são acompanhados de alterações hormonais que interferem com o crescimento reduzindo-o (deficiência do GH) ocasionando baixa estatura, ou acelerando-o (excesso de GH e puberdade precoce central).

Vejamos cada uma dessas alterações com mais detalhes:

 

Deficiência de GH

 

A deficiência de hormônio do crescimento é mais comum em indivíduos com NF1 em relação a população geral, embora não se saiba a incidência exata. A causa da deficiência também não é clara, mas parece estar relacionada a presença de tumores intracranianos, embora haja também casos de deficiência sem a coexistência de tumores. A deficiência desse hormônio pode levar a um grande atraso no crescimento.

É possível repor o GH, mas há uma grande preocupação de que a reposição do GH nas crianças com NF1 possa aumentar adicionalmente o risco de crescimento de tumores. Dados de acompanhamento de 102 crianças com NF1 e deficiência de GH que receberam tratamento mostrou alguma resposta em relação ao crescimento, mas menor do que a resposta que ocorre em crianças com deficiência de GH sem NF1.

Após cerca de dois anos de tratamento, 5 desses 102 pacientes tratados apresentaram reaparecimento de um tumor cerebral existente previamente ou desenvolveram um segundo tumor, taxa considerada similar a pacientes com NF1 que não foram tratados com GH. Apesar desses dados tranquilizadores em relação ao aparecimento de tumores, ainda precisamos de estudos de melhor qualidade sobre a eficácia e a segurança da reposição de GH em pacientes com NF1. Até o momento, a reposição desse hormônio é recomendada apenas em situações de pesquisa clínica (VER AQUI).

 

Excesso de GH

 

Embora muito mais raro, o excesso de GH ou gigantismo também pode ocorrer em pessoas com NF1. Essa produção excessiva de GH na NF1 está associada ao glioma de vias ópticas, é uma condição pouquíssimo frequente e pode trazer várias consequências como estatura acima do esperado, ganho excessivo de peso, hipertensão e alterações de glicose.

Desconfiamos da sua ocorrência quando observamos crescimento acima do esperado para a idade e padrão familiar. Diante da suspeita, exames de laboratórios, como a dosagem de IGF1 (substância produzida pelo fígado sob a ação do GH) e do GH após ingestão de um açúcar chamado dextrosol podem confirmar o diagnóstico.

Não sabemos exatamente o que leva à produção excessiva do GH em pessoas com glioma de vias ópticas na NF1. Sabemos apenas que a produção de GH não é feita pelo tumor em si. A suspeita principal é que o tumor, de alguma maneira, interfira com a regulação a parte do cérebro chamada hipotálamo e da glândula hipófise e essa passa, consequentemente, a secretar excesso de GH.

Uma das principais preocupações com o excesso de GH em pessoas com NF1 é o risco aumentado de tumores benignos e malignos. Acredita-se que a produção excessiva de GH possa aumentar ainda mais esse risco, contribuindo inclusive para o crescimento do próprio glioma. Dessa forma, apesar não sabermos ainda o tratamento ideal para esses casos, a recomendação é usar medicações para reduzir a secreção de GH. O tempo de tratamento deve ser individualizado para cada paciente, pois muitos apresentam melhora do quadro de gigantismo com o passar do tempo (VER AQUI).

 

Puberdade precoce central

 

Outra condição relacionada à NF1 que pode levar a alteração do crescimento e da estatura final é a puberdade precoce central. Ela é a disfunção hormonal mais comum na NF1 em crianças, com prevalência em torno de 3%. Geralmente está associada a glioma de vias ópticas.

As mudanças mais visíveis durante a puberdade são o aumento da velocidade de crescimento e o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, como aumento de mamas em meninas e aumento dos testículos em meninos. Quando essas alterações ocorrem antes de 8 anos nas meninas e antes dos 9 anos nos meninos, devemos ficar atentos para a possibilidade de puberdade precoce. Exames para avaliação dos hormônios da puberdade e do grau de maturação dos ossos da mão e punho auxiliam no diagnóstico.

Apesar de crescerem muito inicialmente, as crianças com puberdade precoce tendem a ser mais baixas quando adultas. Isso porque os hormônios sexuais levam a uma rápida maturação dos ossos e a criança interrompe o crescimento. Dessa forma, o diagnóstico e o tratamento devem ser feitos o mais rápido possível para que seja eficaz e evite a baixa estatura (VER AQUI ).

 

Conclusão

Podemos concluir que acompanhar o crescimento e o desenvolvimento da criança com NF1 é muito importante porque algumas das condições que resultam em alterações da estatura trazem repercussões sobre a saúde e podem ser tratadas.

 

Caros associados da AMANF e leitores desta página.

As eleições estão chegando e na hora de votar precisamos saber quais os candidatos que representam AS MELHORES propostas para o nosso país, inclusive aquelas que ajudem o atendimento amplo às pessoas com Neurofibromatoses.

Em nossa última reunião da AMANF decidimos convidar a todos os leitores e associados para refletirmos com cuidado para podermos escolher os candidatos que:

  • Defendem o Sistema Único de Saúde (SUS) como um dos mais avançados sistemas de saúde pública do mundo e que prometem aumentar os recursos públicos para o SUS;
  • Defendem os direitos humanos para todos, como é o caso das pessoas com doenças raras, pois nós da NF estamos juntos com as mulheres, com os negros, com as populações indígenas, com as pessoas diferentes opções sexuais, com as diferentes orientações religiosas e todas as minorias entre os brasileiros;
  • Defendem o meio ambiente, pois sem a defesa do ambiente não haverá saúde e qualidade de vida;
  • Defendem a democracia, pois sem democracia não há possibilidade de corrigirmos os erros passados. Tentativas de soluções autoritárias apenas agravam os problemas, como aconteceu nas ditaduras do passado.
  • E que não tenham sido condenados por corrupção, pois a corrupção prejudica nosso desenvolvimento, embora não seja a causa da crise econômica.

Quem desejar conhecer melhor os programas de governos de todos os candidatos à presidência da República, sugerimos consultar este site que é confiável: VER AQUI

A democracia é alegre, sem ódio, sem radicalismos e sem medo de sonharmos com um país cada vez melhor para todos.

Dr Lor

Presidente 2017- 2019

Venham participar!

Convite a jovens de Belo Horizonte e cidades próximas!

Ainda temos vagas para voluntários com idade entre 12-16 anos que tenham interesse em participar do projeto de pesquisa do doutorado do dr. Bruno Cota.

Dr. Bruno está estudando se as pessoas com NF1 poderiam ser beneficiadas em suas dificuldades cognitivas pelo treinamento musical.

As aulas de música ocorrem aos sábados pela manhã, na Faculdade de Medicina da UFMG, e são ministradas pelos educadores musicais Bruno Messias e Ana Nolli, que é pós-graduanda em musicoterapia.

Ligue agora (31) 99851-8284

ou mande um e-mail para o Dr. Bruno: brucezar@hotmail.com.br

Abraços a todas e todos.

Dr. Lor

 

“Escrevo este texto de pai para pai, mais como um desabafo do que dúvidas sobre NF1 que sempre foram prontamente respondidas pelo Sr. Às vezes passo pelo seu Blog para ler sobre avanços no tratamento da NF1, rezando para achar notícias boas. A última foi sobre o medicamento para neurofibromas plexiformes que me deixou com um misto de alegria e preocupação, considerando as avaliações dos outros médicos sobre a droga em relação aos efeitos colaterais.

Este ponto serve para demostrar como tem sido meus dias desde que pegamos o resultado do exame do meu filho. Não consigo viver um único dia sem a angustia que está doença traz para quem é pai, ela realmente está me fazendo adoecer aos poucos.

Não consigo conversar com minha esposa para não a deixar tão preocupada como eu, não consigo falar sobre o assunto com outras pessoas, me sinto com um bloqueio mental quando falo de NF, evito leituras, busca em internet ou qualquer coisa referente a NF.

Meu filho tem um neurofibroma plexiforme na testa e tenho a percepção que a cada dia seu tamanho está aumentando, e sinto raiva da minha impotência em fazer algo para parar o avanço, de curar meu filho. Fazemos todos os acompanhamentos necessários mas sinto que isso é muito pouco e devo fazer mais, buscar mais, ver outras possibilidades, mas não consigo.

Converso com os médicos que acompanham meu menino mas vejo que sabem muito pouco a respeito, sempre com informações furadas e muitas vezes tenho que levar informações do seu Blog para apresentar aos médicos. 

Doutor, sei que o objetivo do blog é responder dúvidas e não ouvir desabafos, peço-lhe desculpas. O Dr. como pai já deve ter passado por algo parecido com o que estou passando e encontrou forças para ajudar outras famílias, eu ainda preciso encontrar esta força em mim. ”

E, de local não identificado.

 

Caro E,  obrigado pelo seu desabafo.

Sim, esta página da AMANF é também para desabafos, pois eles fazem parte do nosso enfrentamento da doença.

Sim, como você, sofri com minha impotência diante da doença de minha filha, mesmo sendo médico, pois desconhecia cientificamente as neurofibromatoses naquela época.

E pensava o pior, sempre o pior. Que ela apareceria de repente com um plexiforme deformante na face, que surgiria um tumor fatal no seu cérebro, que ficaria com o corpo tomado por múltiplos neurofibromas cutâneos, que sofreria uma fratura na tíbia, que passaria por convulsões e seria incapaz de conseguir uma profissão e viver uma vida plena de felicidade.

Hoje, ela é uma pessoa com 40 anos, feliz, trabalhando como fisioterapeuta, casada com um companheiro solidário e carinhoso, e adotou um menino que habita o coração de toda nossa família. É claro que os neurofibromas cutâneos a incomodam, mas ela retira cirurgicamente aqueles que aparecem mais. Assim acontece com a maioria das pessoas com NF1.

Quanto sofrimento poderia ter sido evitado para mim mesmo se eu soubesse aquilo que anos depois pude aprender.

 

Então, o primeiro passo para ajudarmos nossos filhos é conhecer melhor e cientificamente a doença.

Conhecer de forma científica é saber diferenciar o que pode acontecer (possibilidade) da chance de realmente acontecer (probabilidade). E se prevenir e tomar as providências adequadas para cada situação quando for o caso.

Vou dar uma ideia de como a gente se confunde com estas duas coisas.

Veja abaixo uma lista de alguns dos problemas que PODEM ACONTECER na NF1:

Manchas café com leite, efélides, Nódulos de Lisch, neurofibromas cutâneos, dificuldades de aprendizado, gliomas ópticos, neurofibromas plexiformes, displasia da tíbia e do esfenoide, convulsões, escoliose.

 

Sim, todos PODEM acontecer nas pessoas com NF1.

Agora, vamos ordenar de acordo com as chances aproximadas de que eles realmente aconteçam, dividindo em dois grupos, os menos graves e os mais graves.

Menos graves

Manchas café com leite 98%

Efélides 90%

Neurofibromas cutâneos 85%

Dificuldades de aprendizado 70%

Nódulos de Lisch 70%

 

Mais graves

Neurofibromas plexiformes 30%

Gliomas ópticos 15%

Convulsões 15%

Displasia da tíbia e esfenoide 5%

Escoliose 5%

 

Veja que os mais comuns são os menos graves, mas ainda assim parecem muitos problemas, não é mesmo? Mas nem todas as pessoas com NF1 apresentam TODOS os problemas.

Vamos ver agora a mesma lista de problemas dividida de acordo com a gravidade e com aquilo que podem causar.

Menos graves

Manchas café com leite – apenas efeito estético, não surgem novas ao longo da vida

Efélides – apenas efeito estético e podem surgir novas ao longo da vida.

Neurofibromas cutâneos – começam a crescer lentamente a partir da adolescência e serem poucos ou muitos, mas podem ser retirados cirurgicamente.

Dificuldades de aprendizado – geralmente causam uma ou duas repetições de ano escolar, mas na maioria das pessoas com NF1 permitem a conclusão dos estudos.

Nódulos de Lisch – nenhum efeito na visão ou na saúde.

 

Mais graves

Neurofibromas plexiformes – estão presentes no nascimento e, se não são diagnosticados nos primeiros anos de vida, não aparecem mais. Um em cada dez (os maiores e mais profundos) pode se transformar em tumor maligno e isto é uma grande preocupação que requer tratamentos complexos.

Gliomas ópticos – apenas 1 em cada 15 tumores dará sintomas como alteração visual ou puberdade precoce e requerem tratamentos complexos.

Displasia da tíbia e esfenoide – são congênitas, ou seja, estão presentes ao nascimento e podem causar fraturas espontâneas e necessitar de tratamentos complicados.

Convulsões – geralmente são benignas e respondem bem ao tratamento e podem desaparecer na vida adulta.

Escoliose – surgem geralmente entre os 4 e os 12 anos de idade e se não aparecerem nesta época, provavelmente não aparecerão mais. Requerem tratamentos complexos.

 

Desta forma, podemos ir equacionando melhor quais as preocupações que devemos ter em relação às nossas crianças com NF1.

Em qual situação o seu filho se encontra?

 

Conhecendo melhor, ajudaremos mais e sofreremos menos.

É o que desejo para você e para os outros pais e mães que lerem esta página.

 

 

 

Reproduzo abaixo a conversa interessante que tive por e-mail com a leitora SS, de Curitiba, sobre o uso de Vitamina D como possível prevenção do crescimento de neurofibromas em sua filha. Separei o texto por assuntos e irei respondendo passo a passo.

Agradeço à S pela pergunta, pelas questões muito bem ponderadas e pelo artigo que me enviou sobre Vitamina D.

Atraso no desenvolvimento?

“Há algum tempo atrás você me respondeu algumas perguntas sobre a NF1, que descobrimos em minha filha quando ela tinha uns 10 meses (que dias de aflição, meu deus). Atualmente ela está com 1 ano e 10 meses e por enquanto parece estar tudo bem. A única coisa que ainda me incomoda é a fala. As palavras que ela diz são: mamãe, papai, aqui, esse, au-au, mimi (o nome dela), mamá, papá, abi (abre), pepê (chupeta). A neuro nos disse que isso ainda não é motivo de preocupação, então continuamos estimulando. Ela se comunica bem, nos entende e se faz entender, mas falar mesmo, ainda não está lá essas coisas. Outra coisa que noto é que ela parece ser mais bebezinha do que as crianças da idade dela: ela é um pouco menos ágil: por exemplo, uma criança da idade dela já consegue pular e fazer movimentos mais rápidos, mas a M. parece não ter a mesma capacidade. Ela se ergue devagar, por exemplo. Ela não engatinhou e andou com 1 ano e 3 meses (e ambos os casos eu sei que não dá para considerar categoricamente como atraso no desenvolvimento). É difícil isso, não saber se essas constatações são fruto da NF1 ou se simplesmente são “o tempo dela”.

Resposta: Cara S, você descreveu um conjunto de manifestações frequentemente encontradas nas crianças com NF1, ou seja, um certo atraso no desenvolvimento psicomotor em relação às outras crianças da mesma idade. Independentemente da causa, nossa impressão é de que devemos oferecer apoio pedagógico adicional para estas crianças, como fonoterapia e terapia ocupacional (integração sensorial – VER AQUI) para que elas alcancem o seu potencial humano. Além disso, estimular em casa com brincadeiras que envolvam atividades físicas com ritmo, dança, cantos e equilíbrio.

 

Revelar ou não a doença?

“Ontem estivemos na escola para conversar sobre a mudança de turma. M. nasceu em outubro e por ser menorzinha, a diretora optou por mantê-la na turminha do berçário em lugar de passá-la para a próxima turma (nós não contamos à escola sobre a NF1, porque não queremos que ela seja tratada de forma diferente. Queremos ver como a escola vê o desenvolvimento dela sem saber de sua condição, já que sabendo, poderiam ser sugestionados e enxergar problema onde talvez não exista)”.

Resposta: Concordo com você, porque revelar a doença antes que ela seja evidente pode trazer tratamentos diferenciados para a criança (VER AQUI). Uma boa estratégia é oferecer o apoio pedagógico adicional, em paralelo à escola, que já mencionei acima. Se a escola pedir uma avaliação neurológica ou psicológica, será o momento de revelar e informar sobra a NF1.

Qual a turma ideal?

“Aparentemente a escola acredita que a M. tem condições de ir para a próxima turma, onde todas as crianças são maiores que ela. Acreditamos que ali ela vai desenvolver melhor a questão da independência, da convivência, da autodefesa, da linguagem, etc. Aparentemente eles não notaram qualquer problema no desenvolvimento dela, apenas sentem que ela “está no tempo dela”, o que, de alguma forma, é bom. Mesmo crianças sem NF1 não atingem todos os “marcos” no tempo esperado. ”

Resposta: Você tem razão, pois o desenvolvimento de cada criança segue ritmos próprios, apesar de haver uma média geral e limites aproximados. Temos notado que as crianças com NF1 preferem a convivência de outras com idade um pouco menor do que a sua, talvez porque se sintam mais capazes de acompanhar as atividades adequadamente.

Vitamina D e neurofibromas?

“Queria comentar com você é sobre vitamina D. Eu li todas as perguntas no seu blog e já sei que nos estudos que vocês conduziram não foram achadas diferenças significativas na dosagem entre o grupo controle e o NF1, diferente do estudo da Alemanha, no qual foi encontrada relação direta entre o número de neurofibromas e a dosagem da vitamina D. “

Resposta: De fato, observamos que tanto as pessoas com NF1 como as pessoas sem NF1 apresentaram níveis menores (do que o ideal) de Vitamina D nas dosagens que fizemos, mas não houve diferença entre as pessoas com NF1 e sem NF1.

Nosso interesse sobre a Vitamina D se refere à sua possível correlação com o número de neurofibromas, mas também com o desenvolvimento ósseo, pois as pessoas com NF1 apresentam maior tendência para a osteopenia (situação intermediária entre o osso normal e a osteoporose – VER AQUI )

Esclerose múltipla?

“O que me fez escrever foi que eu li bastante sobre o tratamento do Dr. Coimbra para esclerose múltipla que usa doses cavalares de vitamina D, sem os medicamentos que normalmente são prescritos para essa doença. Gosto muito dos relatos dos próprios pacientes. ”

Resposta: Não conheço cientificamente a esclerose múltipla, portanto não posso opinar com segurança sobre esta questão.

 

Qual a dose de suplementação de Vitamina D?

“Lendo sobre a vitamina D (e tentando achar fontes confiáveis), me parece já haver um consenso de que há uma defasagem praticamente mundial nos níveis da população em geral. E também vi um outro estudo (esse honestamente não li inteiro e também não sei o quanto é confiável) que menciona haver um erro estatístico nas doses diárias recomendadas para reposição da vitamina D, que deveriam ser maiores do que aquelas atualmente praticadas. Ei-lo: VER AQUI
Lendo um pouco sobre a relação da vitamina D e tumores e mais muitas e muitas outras condições em que ela tem papel relevante, eu me perguntei se simplesmente aumentar a dose de vitamina D que eu dou para a minha filha não poderia atuar como uma profilaxia para evitar algumas das complicações da NF1 no futuro. Atualmente estamos dando 200u.i. por dia, mas já li que deveria ser 600 ou mais.”

Resposta: Obrigado pelo artigo que enviou, que achei muito interessante. Ele se refere aos níveis de Vitamina D alcançados no sangue com a suplementação e não aos efeitos destes níveis sobre a saúde.

Tenho acompanhado este debate sobre os níveis ideais de Vitamina D para a saúde da população. De um lado, há pesquisadores que insistem em níveis acima de 50 mmol/L e recomendam suplementação diária, mas a maioria dos estudos foi feita em países com pouca radiação solar (o sol é fundamental para a síntese natural da Vitamina D) e alguns destes cientistas estão fortemente ligados à indústria farmacêutica (especialmente o Hollick VER AQUI).

Há também quem recomende a suplementação de Vitamina D em pessoas com NF1 (como VER AQUI) para melhorar a densidade óssea, mas o estudo foi feito pelo grupo do Dr. Mautner, na Alemanha, sabidamente um país com menor radiação solar do que o Brasil, por exemplo.

Por outro lado, há autores que questionam a necessidade de suplementação de Vitamina D, por exemplo, o Dr. Stevenson de Utah, nos Estados Unidos, que não encontrou relação entre Vitamina D e neurofibromas e nem com a densidade óssea em pessoas com NF1 (VER AQUI ).

Outro estudo multicêntrico, incluindo Europa e Estados Unidos, encontrou menor força muscular nas pessoas com NF1 mas sem relação com os níveis de Vitamina D ( VER AQUI ).

Em conclusão, temos recomendado em nosso Centro de Referência que as pessoas com NF1 tomem banhos de sol regularmente e meçam a Vitamina D ocasionalmente. Se os níveis de Vitamina D vierem menores do que 20 mmol/L recomendamos a suplementação com 400 UI diariamente.

 

O que está sendo estudado sobre Vitamina D e NF1?

“Entendo que se eu decidir suplementar diariamente e se por ventura minha filha não apresentar tantos sinais da doença no futuro, não necessariamente isso será por conta da vitamina D, pode ser simplesmente porque a NF1 dela era dos casos “leves”. Assim, pergunto: existe algum estudo sobre suplementação diária de vitamina D, com doses realmente significativas, sendo conduzido ou alguma criança que vocês acompanhem e que esteja recebendo doses de vitamina D como profilaxia (como aquele médico italiano fez com o cetotifeno)? E em relação às pessoas estudadas, as que tinham menos neurofibromas faziam uso de algum suplemento de vitamina D? As pessoas que foram diagnosticadas com casos mais “leves” tem níveis diferentes de vitamina D do que as demais?

Em suma, gostaria de saber se não é interessante a suplementação de vitamina D, em níveis maiores do que os atualmente recomendados, desde a mais tenra idade, como forma de mitigar/atrasar os sinais da NF1 no adulto. Tomar sol aqui em Curitiba não é fácil e essa é uma recomendação que realmente não dá para seguir, por isso, me parece que suplementar é ideal, não só para a NF1, mas para a saúde em geral. Mas quanto?

Resposta: Cara SS, lendo a sua pergunta imagino que tenha uma boa formação científica, pois você mencionou de forma lúcida as principais questões que devem ser levadas em consideração se quisermos responder com uma boa pesquisa experimental sobre os efeitos da Vitamina D sobra as pessoas com NF1.

Não conheço nenhum estudo científico neste momento que preencha todas estas condições que você mencionou. Talvez pelo fato da maioria dos centros de pesquisa em NF que possuem grandes recursos financeiros esteja interessada em outras questões mais urgentes e graves (como plexiformes e transformação maligna, por exemplo).

Nosso grupo de pesquisadores na UFMG está implementando uma técnica desenvolvida pelo grupo do Dr Mauro Geller para contar e medir o tamanho dos neurofibromas cutâneos (VER AQUI). Quem sabe poderemos avaliar os efeitos da Vitamina D num futuro breve? Quem sabe você poderia participar deste estudo?

No entanto, neste momento, não tenho respostas seguras baseadas em evidências científicas para todas as perguntas importantes e inteligentes que me fez.